Todos podemos encontrar o Esperado pelos Povos e Nações
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo Diocesano de Campos
A Festa da Epifania torna público e manifesto o Natal, convocando as Nações e Povos da Terra para o encontro com o Esperado Messias que veio para libertar a humanidade. A palavra significa revelação ou apresentação, e coroa o Nascimento de Jesus com a sua dimensão missionária e universal.
Os Reis ou sábios que vieram de terras distantes e a tradição extra-bíblica os denominou de Gaspar, Melchior e Baltasar, representando as etnias semita, indo-européia e camita ou etíope, e as três grandes culturas também até então conhecidas, greco-latina, asiática e africana, testemunham a vocação universal à salvação cristã.
Ao mesmo tempo, esta solenidade significa e espelha o itinerário espiritual e eclesial da iniciação à vida cristã, abertura ao mistério da pessoa humana, confronto com a Palavra, encontro e conversão, inserção na vida comunitária e missão. Estas etapas foram o percurso dos Reis até o lugar apontado pela Estrela que, mais que um fenômeno astronômico do firmamento, pode indicar a experiência da fé e da graça presente na vocação.
Vemos nestes sábios a busca da transcendência e da verdade última que dá razão ao nosso viver, a nostalgia e saudade do rosto de Deus, que anima nossa caminhada terrestre. Seus presentes: ouro, mirra e incenso, são um verdadeiro reconhecimento do Menino Deus, na sua realeza, sacerdote e vítima, e divindade.
Hoje, a Igreja apresenta como oferendas simbólicas o ouro, como caridade, a mirra, como penitência e conversão, e o incenso, como oração agradável a Deus, segundo interpretava o teólogo Karl Rahner. Essa festa mostra que fomos criados pelo Pai para a comunhão e a partilha, para o banquete dos dons sociais e culturais, não para o choque das civilizações ou a Babel desagregadora.
Por isso, a Epifania descortina para a Igreja sua missão universal de convocar e reunir todos os Povos na unidade e na solidariedade do Reino, incluindo e reconciliando a todas as pessoas e criaturas.
Finalmente, a Epifania lembra e estimula os fiéis leigos a ser presença atuante e libertadora em todos os espaços da criação e gestação da civilização do amor, da cultura do encontro e da promoção da vida plena, anunciando com alegria o Esperado Salvador da humanidade. Deus seja louvado!