Pe. Rubens jan 18, 2019

Sociedade enferma

Sociedade enferma

Dom Paulo Mendes Peixoto –Arcebispo de Uberaba

 

Na cultura capitalista e tecnológica dos últimos tempos, cresce a preocupação com a prosperidade econômica, esvaziando a riqueza de uma espiritualidade mais comprometida com a dignidade da pessoa. Quem mais tem, mais quer ter e está sempre insaciável no caminho do acúmulo sem nenhuma preocupação social. Por causa disso, agem de forma inescrupulosa, sem olhar a carência do outro.

As atitudes citadas acima mostram que estamos numa sociedade enferma, de práticas desumanas, e de forma generalizada, que não investe na educação, na saúde e no bem-estar social, impedindo que o Brasil seja um país querido por todos. Falta espírito de sacrifício e de partilha, porque o ter realmente sacrifica o ser e incapacita a pessoa para enxergar a dimensão de sua prática.

Mas é uma enfermidade que tem cura, ela é passível de recuperação quando são aplicados remédios de forma correta. Supõe acabar com a corrupção, com a impunidade e diminuir a distância existente entre a classe rica e a pobre. Existem ricos muito ricos porque existem pobres muito pobres. Essa realidade revela uma impiedade e uma falta de compaixão para com os excluídos.

A insensibilidade dos ricos opulentos provoca indignação da classe sofredora. O descompromisso para com a realidade social acaba provocando a violência e o total desrespeito entre as pessoas. Sofremos as consequências disso, tendo que conviver com uma sociedade insegura e conflitiva. A incapacidade de partilha faz com que a paz e a guerra ocupem o mesmo espaço na cultura moderna.

Não é que o rico tenha que assumir as dores do pobre, mas que seja capaz de socializar seu patrimônio acumulado de forma desnecessária. Deve aplicar o excedente em obras sociais para dar dignidade aos sofredores. Sabemos que isso acontece, mas a partir de poucas pessoas. São muitos os ricos que poderiam tirar o país dessa triste enfermidade, que causa tanta morte.

É fundamental olhar para a forma como Jesus tratava as pessoas. Ele tinha compaixão para com todos os sofredores de seu convívio, não apresentava promessas de prosperidade econômica, mas os curava de suas enfermidades. Queria que vivessem com total dignidade. Soube partilhar sua vida e influenciar as comunidades para que agissem de forma comunitária.

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