Seis cuidados com o WhatsApp na ação Pastoral
Por Padre Robson Caramano. Imagem: site do whatsapp/ fonte da notícia: Exame.com
A utilização do aplicativo WhatsApp tem crescido em todo o mundo. Sua utilização vai desde conversas informais com amigos até conversas profissionais nos grupos das empresas. Não diferente na ação Pastoral temos incorporado esta ferramenta de comunicação que nos priva de inúmeras reuniões e ligações. No entanto, é preciso ter cuidado.
Recentemente, a repórter da coluna “Carreira” do site Exame.com, Luísa Granato, escreveu uma matéria na qual entrevistava o professor Roberto Aylmer, especialista em gestão estratégica de pessoas, nesta o professor afirma:
“São muitos grupos e um fluxo grande de mensagens e informações. É uma demanda grande que pode causar ansiedade. O aplicativo não tem horários e novas mensagens deixam nosso cérebro sempre em alerta”
Viver acelerado tem sido a característica de muitos profissionais e, porque não, agentes de pastoral. O impacto das redes sociais nos modificaram na maneira de nos relacionarmos com os outros e com a gente mesmo. Por isso, é necessário usar regras e delimitar espaços para não nos sentirmos invadidos e nem, tampouco, possibilitarmos que a avalanche de informações (bom- dias, boa- tardes, boa- noites, correntes, conversas, links compartilhados, etc…) nos impeça de termos uma vida tranquila.
Por vida tranquila entendo, não nos estressarmos tanto ao lermos ou ouvirmos uma mensagem que chega em nosso WhatsApp. E sabermos dar a elas o devido valor. Já foram inúmeras as matérias que podemos ler nos mais diversos jornais e revistas que falam do WhatsApp como um aliado, mas, também, como um grande risco para os relacionamentos.
Quando vamos para o campo da vivência Religiosa, da experiência de comunidade precisamos ter muito cuidado. O WhatsApp pode se tornar um lugar propício para um campo de briga ao invés de ser um campo de evangelização. Sobretudo nos grupos de nossas Pastorais e Movimentos, Células…
Na reportagem de Exame.com, falando numa perspectiva profissional, Aylmer descreve aquilo que a reportagem chamou de “Os sete pecados capitais do grupo de WhatsApp do trabalho” – neste meu texto quero me apropriar de seis destes pontos para descrevê-los a partir dos grupos paroquiais e pastorais.
Quem nunca perdeu uma informação importante em um grupo de Whats por conta das inúmeras mensagens e discussões desnecessárias que nele se gerou? Pois bem, por isso vejamos alguns erros que são um perigo para evangelização nos grupos de WhatsApp:
- “Esquecer que o WhatsApp é um documento, público e corporativo”
É bem verdade que as mensagens são criptografadas e ninguém pode ter acesso ao que você conversa em seu aplicativo, no entanto, o que você escreve você compartilha ao outro. Por isso é necessário ter consciência de que ao iniciar uma conversa em um grupo, inúmeras outras pessoas estão lendo o que você está escrevendo ou vendo a imagem ou vídeo que você está enviando. Vale a pena sempre se perguntar: o que irei postar no grupo é de extrema relevância? Posso resolver em particular com o responsável antes de me expor a todo grupo?
- “Esquecer que cada um interpreta o que está escrito da sua maneira”
É preciso levar em conta que quem envia uma mensagem está, de uma maneira, diferente de quem a recebe. É preciso cuidar para que nossa comunicação seja a mais limpa possível. Por limpa entendo aquela comunicação na qual a pessoa pode compreender o que enviei sem achar que estou debochando, sem paciência, ou sendo irônico. Por isso, é importante se questionar: todos irão compreender o que irei postar? O que tenho a dizer é do interesse de todos?
- “Usar o grupo da empresa como usa com os amigos”
Poderíamos traduzir aqui para “usar o grupo da paróquia como usa com os amigos” – este é um erro quase que frequente nos grupos paroquiais, pastorais, de movimentos e células. Não posso confundir minhas opiniões pessoais com as do grupo ao qual participo. No grupo renuncio às minhas vontades pessoais para viver o bem comum. É mais do que necessário se perguntar antes de postar: todos tem intimidade comigo a ponto de me entenderem na minha postagem?
- “Fazer brincadeiras preconceituosas ou percebidas como bullying”
Os grupos de nossas Paróquias devem manifestar a acolhida de um membro para um grupo que visa evangelizar e otimizar a evangelização. Não é lugar de exclusão e rivalidade.
- “Tomar decisões importantes por mensagem”
É mais do que urgente resgatarmos a importância das reuniões presenciais. Lá é o lugar para falarmos, questionarmos, e tomarmos decisões importantes. O grupo no WhatsApp se torna assim apenas um comunicador de informações e notícias verdadeiramente importantes. Quaisquer dúvidas e discordâncias podem ser feitas na reunião e ou chamando para conversar pessoalmente. Evite resolver situações pelo WhatsApp.
- “Achar que tem sempre razão”
É preciso saber ouvir, reconhecer o tempo e o lugar do outro. Nem todos pensam como nós pensamos. Se estamos em um grupo é sinal de que teremos que fazer este esforço para tolerar e sabermos ouvir a opinião e o posicionamento dos demais.
Um dos grandes desafios da Igreja nos tempos de hoje é justamente saber dialogar com as novas tecnologias e, ao serem impactadas por elas, poderem manter sempre claro seu objetivo último. A missão de Evangelizar é muito maior do que a limitação de alguns caracteres trocados pelas redes sociais. Não se limite! Rompamos sempre as barreiras na timidez para cada vez mais propiciarmos e fazermos acontecer uma Igreja em Saída.