Papa Francisco e sua mensagem vocacional aos leigos
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Estamos no mês de agosto, dedicado às vocações. O quarto domingo é destinado à vocação leiga na Igreja. O Documento 105 da CNBB afirma: “As cristãs leigas e os cristãos leigos, mulheres e homens em todas as fases da vida, constituem uma parte importantíssima da Igreja e possuem rostos próprios: “Como São Paulo, nós também queremos reconhecer os diferentes rostos dos cristãos leigos e leigas, irmãos e corresponsáveis na evangelização” (CNBB, DOC. 105, n.51).
O reconhecimento do Papa aos que são a ‘imensa maioria na Igreja”
No documento “Alegria do Evangelho” (Evangelii Gaudium), Francisco diz:
“A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. A seu serviço está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de um arreigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé”.
Em muitas declarações, o Papa tem reconhecido que muitos cristãos leigos estão comprometidos em movimentos sociais, sindicatos e outros tantos grupos que se empenham para que os povos possam viver com dignidade. Ao mesmo tempo, Francisco tem pedido que essas iniciativas sejam reconhecidas como legítimas e conclama os cristãos a apoiarem os que delas participam.
Preocupação do Papa com as Igrejas fechadas à atuação dos leigos
Mesmo reconhecendo os avanços na participação do leigo na Igreja, Francisco demonstra preocupação, ressaltando a necessidade da ‘tomada de consciência desta responsabilidade laical’ e constata que o crescimento do leigo na Igreja encontra obstáculos e deficiências internas na ampliação e aprofundamento dessa legítima missão:
“Em alguns casos, não se formaram para assumir responsabilidades importantes, noutros por não encontrar espaço nas suas Igrejas particulares para poderem exprimir-se e agir por causa de um excessivo clericalismo que os mantém à margem das decisões” (EG 102).
Outra preocupação do Papa é quando a ação dos leigos é exercida apenas dentro da Igreja, sem a participação na transformação da sociedade:
“Limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenho real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade” (EG 102).
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“A Igreja em saída”, pedido do Papa também aos leigos
Ainda no documento “Alegria do Evangelho”, Francisco convoca os cristãos para uma “Igreja em saída”, e quanto aos leigos, ele destaca a importância de ser igreja ‘presença’, principalmente onde moram e vivem.
Fala da presença do leigo no mundo da família, da política e das políticas públicas, no mundo do trabalho, da cultura e da educação, no mundo da comunicação, no cuidado com a ‘Casa Comum’ e em outros campos de ação. Não esconde as dificuldades que podem enfrentar em ter que “ir contra a corrente”, representada pelos pensamentos da sociedade pós-moderna que levam ao individualismo, egocentrismo e vão contrários aos interesses do bem comum.
Conselhos e um alertas do Papa para os leigos
Francisco faz um alerta quanto à fé expressa de forma superficial, “na qual a vida espiritual se confunde com momentos religiosos que proporcionam certo deleite pessoal, mas não alimentam ‘o encontro com os outros’, o ‘compromisso com o mundo’ e a ‘paixão pela evangelização’” (EG 78).
Outro perigo é quanto ao subjetivismo, ou seja, pertencer a grupos fechados na Igreja, induzindo o cristão a se sentir ‘superior aos outros’. Neste tipo de prática religiosa, muitos são seduzidos por uma ‘suposta segurança doutrinal ou disciplinar’, que acaba gerando ‘um elitismo narcisista e autoritário’” (EG 94).
Outro alerta importante é para os agentes pastorais e cristãos leigos que demonstram um ’cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja’, mas não se empenham com a mesma dedicação para que ‘o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel a Deus e nas necessidades concretas da história’” (EG 95).