Oitava da Páscoa
(Cardeal Orani João Tempesta – CNBB)
A Oitava da Páscoa é o período que compreende entre o domingo de Páscoa até o domingo seguinte, do domingo da misericórdia, ou domingo in albis, ou seja, são oito dias em que a celebração solene da Páscoa é estendida. Podemos, nesse período, desejar uns aos outros Feliz Páscoa. É como se cada dia dessa semana fosse domingo de Páscoa.
A Oitava da Páscoa se insere dentro do período que chamamos de Tempo Pascal, que dura cinquenta dias e vai até a celebração de Pentecostes. Nesse período, em toda celebração acendemos o Círio Pascal, que representa o Cristo Ressuscitado, ou a Luz de Cristo. O Círio Pascal foi abençoado e preparado na Vigília Pascal e permanece aceso até a celebração do domingo de Pentecostes. O Círio é essa grande coluna luminosa, que nos guia para a libertação plena da vida.
Dessa maneira, o período da Oitava da Páscoa são os oito primeiros dias do Tempo Pascal, iniciados no domingo de Páscoa. Durante o tempo Pascal, os domingos seguem uma mesma unidade solene, ao invés de se dizer 2º Domingo depois da Páscoa, se diz Segundo Domingo da Páscoa. Por isso, podemos proclamar solenemente e com alegria, junto com todos os batizados: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos” (Cf. Sl 118).
A Oitava Pascal traz para o centro da celebração litúrgica da Igreja o mistério da Ressurreição de Jesus. A Páscoa de Jesus deve acontecer todos os dias na nossa vida e na ação pastoral da Igreja, e nesses oito dias celebramos de forma mais veemente. Durante a Oitava da Páscoa se entoa o hino de louvor em todas as missas.
Durante a Oitava da Páscoa, as leituras do Evangelho são centralizadas nos relatos dos encontros com o Cristo Ressuscitado e nas experiências que os apóstolos tiveram com Ele. Neste tempo litúrgico, a primeira leitura, que, normalmente tirada do Antigo Testamento, é trocada por uma leitura dos Atos dos Apóstolos, que relata o início da Igreja primitiva.
Por isso, todos os dias da Oitava da Páscoa celebramos as Missas solenemente, recordando assim a Ressurreição de Nosso Senhor. Celebramos como se fosse um único dia, reafirmando a frase do Salmo 118: “Este é o dia que o Senhor fez para nós”.
Antigamente, o período da Oitava da Páscoa era reservado de forma especial para aqueles que foram batizados na Vigília Pascal tivessem contato com a fé (mistagogia). Na ocasião, aquele que era batizado recebia a veste branca, que significava a vida nova em Cristo e essa veste branca só era tirada ao final da Oitava da Páscoa. Daí vem o nome do segundo domingo da Páscoa: in albis.
Por isso, a Oitava da Páscoa é um convite a mergulhar-nos no mistério Pascal de Cristo e fazer da nossa vida uma contínua Páscoa, um tempo de renovar nossas esperanças no Senhor.
O Tempo Pascal, portanto, é um tempo de grande alegria espiritual onde devemos viver intensamente na presença de Cristo Ressuscitado, que por meio da sua paixão, morte e ressurreição nos redimiu. É o tempo de assumirmos o nosso batismo e nos imbuirmos cada vez mais do Espírito Santo. É o tempo de anunciar Cristo ressuscitado e dizer às pessoas que somente Nele há salvação.
A Igreja deseja que nos oito dias da Páscoa (Oitava da Páscoa), vivamos o mesmo espírito do domingo da ressurreição, colhendo as mesmas graças. Dessa forma, a Igreja estende a celebração da Páscoa por oito dias, para que possamos colher melhor em nós os frutos da redenção, nos dada por Cristo no mistério Pascal.
Vivamos intensamente esse tempo de graça que a Igreja nos coloca e que possamos colher as suas bençãos. A Igreja coloca esses oito dias de Oitava Páscoa, porque entende que um mistério tão grande não pode ser celebrado em um dia só, é preciso estendê-lo por mais dias. Além disso, ainda temos o Tempo Pascal que dura cinquenta dias, que terá sua plenitude em Pentecostes.