Pe. Rubens jun 27, 2023

O GRITO DOS POBRES ERGUE-SE CADA VEZ MAIS FORTE

O GRITO DOS POBRES ERGUE-SE CADA VEZ MAIS FORTE

Da Redação – Colaboração Rui Saraiva – Portugal

Foi sob a inspiração criadora da Capela Sistina que o Papa Francisco encontrou na passada sexta-feira 23 de junho cerca de duzentos artistas e figuras da área cultural vindas de todo o mundo. Uma iniciativa no âmbito dos 50 anos da inauguração da Coleção de Arte Moderna dos Museus Vaticanos.

Na ocasião o Santo Padre fez uma exortação concreta sobre os pobres, pedindo aos presentes para serem “intérpretes” do seu “grito silencioso”.

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“Queria pedir que não se esqueçam dos pobres, que são os preferidos de Cristo. Também os pobres necessitam de arte e de beleza. Alguns experimentam formas duras de privação da vida e, por isso, necessitam ainda mais de arte. Normalmente não têm voz e vocês podem ser intérpretes do seu grito silencioso”, disse Francisco.

Esta citação do Papa Francisco cria espaço para refletirmos aqui sobre a Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial dos Pobres neste ano de 2023 que tem lugar no Domingo que antecede a Solenidade de Cristo Rei.

Dar aos pobres justiça e caridade

“Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte”, escreve o Papa no início da sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres.

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” é o tema de uma Mensagem baseada numa passagem do Livro de Tobias na qual Tobit, pede ao filho Tobias, antes de uma longa viagem, para lembrar-se sempre de Deus e recomenda-lhe a pratica da justiça todos os dias.

“Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça”, pode-se ler na Mensagem do Papa citando o texto bíblico.

A exortação deste pai preocupado “torna-se ainda mais específica” e o Santo Padre cita de novo o texto sagrado: “Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus”.

“Muito surpreendem as palavras deste velho sábio”, sublinha o Papa. “Não esqueçamos, de facto, que Tobit perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade”. Ele dava “muitas esmolas”, fornecia “pão aos esfomeados”, vestia “os nus” e dava sepultura a quem encontrava morto.

Na sua Mensagem, Francisco saliente que Tobit “por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa”. No entanto, escreve o Papa, “o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida”.

Não pôr silenciador a quem vive na pobreza

Para o Papa “vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza”.

O Santo Padre alerta para as novas formas de pobreza e lança um especial olhar para as vítimas da guerra. “Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo”, escreve o Papa.

Francisco lamenta “as especulações” que levam “a um aumento dramático dos preços deixando muitas famílias numa indigência ainda maior”. Refere também os problemas do mundo laboral como a precariedade do trabalho e “a remuneração não equivalente ao trabalho realizado”.

O Papa conclui a sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres exortando os cristãos a uma partilha dos bens que corresponda “às necessidades concretas do outro”.

“Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor”, declara o Papa Francisco.

Laudetur Iesus Christus

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