Diocese São Carlos abr 18, 2018

“Imigrantes venezuelanos são nossos irmãos”, diz dom Mário Antonio, bispo de Roraima (RR)

“Imigrantes venezuelanos são nossos irmãos”, diz dom Mário Antonio, bispo de Roraima (RR)

Da Redação, com informações da CNBB

A situação dos imigrantes venezuelanos em Roraima foi o assunto do Meeting Point da manhã desta terça-feira, 17 de abril, durante a 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP). O tema foi tratado por dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima (RR).

Situação

Dom Mário recordou aos jornalistas que a chegada de imigrantes vindos da Venezuela é uma realidade constante no Estado desde 2015, mas no início deste ano o fluxo imigratório se intensificou. De acordo com informações da Polícia Federal, mais de 52 mil pessoas vindas da Venezuela se encontram no Brasil, a maior parte em Roraima. Só na capital, Boa Vista, existem cerca de 40 mil imigrantes, o que representa mais de 10% da população da cidade.

“É claro que a vinda dos migrantes é um direito. O imigrante não é um invasor, mas um novo habitante em nossas cidades, em nosso Estado e em nossa nação”, afirmou o bispo, acrescentando que essas pessoas deixam sua terra em busca de uma vida melhor.

Tendo em vista a realidade social, política e econômica da Venezuela, esses imigrantes chegam a Roraima necessitados de alimento, vestimenta, abrigo e trabalho. “Nós já temos cinco abrigos, com cerca de 800 pessoas cada. Há também uma força tarefa organizada pelo Exército, que prevê a construção de mais nove abrigos. Mas são necessárias a construção de 12 a 15 novos abrigos para abrigar a população que atualmente está nas praças e ruas da capital”, informou dom Mário.

A urgência da construção de abrigos se deve também à chegada da temporada de chuvas na região. “Nos últimos dois dias, a chuva atingiu os imigrantes que estão nas praças e ruas”.

Trabalho da Igreja

O bispo informou, ainda, que a Igreja Católica em Roraima, em união com outras comunidades cristãs, instituições e organismos nacionais e internacionais, tem trabalhado em rede para minimizar o sofrimento dos venezuelanos que chegam ao Estado. A força tarefa do Exército tem se empenhado em promover a interiorização dos imigrantes em outros estados brasileiros. “Esperamos que essa interiorização se realize com respeito aos direitos do imigrante e à sua dignidade como pessoa, proporcionando saúde, segurança, além de trabalho e alimento”.

“Independentemente das causas, internas ou externas, é inegável a crise humanitária, a situação de desnutrição que chegam homens, mulheres, jovens, crianças e idosos que vêm da Venezuela até Roraima”, alertou dom Mário.

A Igreja em Roraima tem recebido muito apoio de dioceses, paróquias, comunidades e congregações e organismos eclesiais de todo o Brasil. “Essa rede de apoio que tem tornado possível o nosso trabalho feito em favor do venezuelanos”, afirmou o bispo. “Ao lado desse trabalho, a nossa incidência junto aos nossos governantes, ações coordenadas que possam gerar conforto às necessidades dos imigrantes e, ao mesmo tempo, promover o bem comum da população local”, acrescentou. Segundo ele, é perceptível que aquilo que já era precário na região para os brasileiros se tornou mais evidente, especialmente na área da saúde.

“Queremos acolher e reconhecer que os imigrantes venezuelanos são nossos irmãos, novos habitantes em nossas cidades, e que eles, como lembra o Papa Francisco, não são um perito, mas estão em perigo quando políticas públicas migratórias não são eficientes e, sobretudo, quando nossos governantes”, completou.

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