Fórum sobre a paz visa à reconciliação entre as Coreias, diz Dom Odilo
Da redação, com Arquidiocese de São Paulo
A superação do conflito entre as duas Coreias e as tensões internacionais presentes em parte da Ásia foram os temas refletidos no fórum internacional para a Partilha sobre a Paz, de acordo com o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer. O evento promovido pela arquidiocese de Seul, na Coreia do Sul, aconteceu no início do mês de novembro e reuniu cardeais, entre eles Dom Odilo, bispos e leigos da América Latina.
Em entrevista ao jornal “O São Paulo”, Dom Odilo, que retornou recentemente ao Brasil, revelou os propósitos do evento, a realidade da Igreja na Península da Coreia e os desafios para a edificação da cultura da paz. “Existe no povo a percepção do grave risco para a paz, não apenas para a Coreia, mas de um conflito perigoso e destruidor, que poderia envolver vários outros países da região, como o Japão, a China e a Rússia, além dos Estados Unidos. Portanto, a Igreja de Seul, ao tomar essa iniciativa, deseja fomentar a cultura da paz e da reconciliação entre as duas Coreias”, contou.
São convidados anualmente para o fórum membros da Igreja e personalidades de continentes diversos para partilharem sobre iniciativas de paz em seus país, sendo este ano os convites destinados à América Latina. Na ocasião, Dom Odilo expôs sobre a experiência da Igreja no Brasil na superação do regime militar. “Era importante que também a ação da Igreja no Brasil fosse partilhada no Fórum”, afirmou o cardeal.
De acordo com o arcebispo de São Paulo, além dos convidados para falar e participar dos debates, estiveram presentes religiosos, embaixadores de vários países, estudantes da Faculdade de Teologia, jornalistas e outros interessados. “ A Igreja coreana tem a consciência de que, além da esperada superação da divisão, é preciso preparar a sociedade para a acolhida, o diálogo, o perdão e a efetiva consolidação da fraternidade e da paz, que não pode contar com vencidos e vencedores, mas com reconciliados”, comentou.
“Espera-se que a Coreia volte a ser um único país; percebe-se que, em geral, custa aos coreanos falar de ‘duas’ Coreias, porque entendem que são um único povo e uma mesma cultura. Sabem que o processo pode ser difícil e longo, mas também têm a certeza de que essa situação não poderá durar para sempre. A maior parte do povo coreano deseja a reunificação, a paz e, sobretudo, a superação do comunismo fechado e desumano do Norte, onde o povo vive sem liberdade e reduzido a massa de manobra do regime totalitário”, concluiu o cardeal.