Pe. Rubens abr 19, 2022

CÁRITAS LANÇA CARTILHA DE SAÚDE AMBIENTAL “PRESERVANDO NOSSA CASA” COM TRADUÇÃO NA LÍNGUA TAUREPANG

CÁRITAS LANÇA CARTILHA DE SAÚDE AMBIENTAL “PRESERVANDO NOSSA CASA” COM TRADUÇÃO NA LÍNGUA TAUREPANG

Reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos sólidos norteiam a edição da cartilha de saúde ambiental para povos indígenas “Preservando Nossa Casa”. O manual foi produzido pelo projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras, da rede Cáritas, durante a execução de projeto piloto para gerenciamento de resíduos sólidos na comunidade indígena Tarau Paru, no município de Pacaraima, estado de Roraima e que contou com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional – USAID.

Disponibilizada em três idiomas: português, espanhol e Taurepang, a cartilha de saúde ambiental atendeu um pedido da comunidade, que desde 2019 acolhe integrantes do seu povo Taurepang-Pemon, que deixaram o território venezuelano para refúgio no Brasil. Dos 946 residentes na comunidade hoje, 607 são migrantes ou refugiados.

O coordenador nacional de monitoramento do Orinoco e sociólogo Wellthon Leal, explica que a cartilha é um produto ímpar, diante à crise climática e a consequente responsabilidade sobre a conservação ambiental e melhor convivência com o meio ambiente.

“Nós temos certeza absoluta que os povos originários sempre conseguiram ter essa relação de maneira correta. Portanto, esse projeto não tem apenas a intenção de resgatar e melhorar o tratamento dos lixos nas  comunidades, tem também a função de ajudar na solidificação da língua indígena Taurepang”, comentou Leal.

Preservando Nossa Casa tem 27 páginas, todas ilustradas, com textos que fortalecem o pertencimento do território indígena ao seu povo originário e com jogos educativos sobre saúde ambiental. A cartilha foi lançada no último dia 16 de março, data que celebra o Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, na comunidade Tarau Paru.

“Muito bom o material. Adorei! Vai ajudar muito na orientação na comunidade, principalmente as crianças. Estou muito agradecido pelo trabalho que a Cáritas está fazendo pela minha comunidade”, comentou o líder da comunidade, tuxaua Aldino Alves.

Conforme apontou Wellthon Leal, o próximo passo da Cáritas é disponibilizar mais duas versões do livro nas línguas Macuxi e Wapichana.

“Manter uma língua viva, mesmo com todo processo de colonização, é manter a história e cultura de resistência viva entre os povos originários. Nosso objetivo é contribuir para o fortalecimento dessas comunidades, na sua autonomia e preservação cultural. Queremos que essa cartilha seja um produto que ajuda a preservar a cultura, memória e a natureza de mais comunidades indígenas de Roraima”, concluiu.

Acesse e baixe aqui a publicação: “Preservando Nossa Casa”

Projeto-piloto de resíduos sólidos

O projeto piloto de resíduos sólidos teve início no segundo semestre de 2021, como parte das ações do Orinoco no estado de Roraima. A ação trouxe alternativas ideais do ponto de vista ambiental e sanitário, e também as alternativas possíveis de serem executadas e aceitas pela comunidade que mais recebeu migrantes e refugiados indígenas venezuelanos.

A assessora local de monitoramento do Orinoco, Aline Nogueira, explicou que o projeto piloto se iniciou, primeiramente, com a elaboração de dois diagnósticos técnicos: um para identificar a composição dos resíduos sólidos gerados e a destinação final; e o segundo para especificar as possíveis estratégias de promoção de cuidado em saúde ambiental.

Aline destaca que esses dois diagnósticos subsidiaram a elaboração e execução de todas ações estruturais e estruturantes realizadas.

“Do ponto de vista estrutural, foi proposto o modelo de coleta seletiva com a implantação de Pontos de Entrega Voluntária pela comunidade, a compra e disponibilização de três bicicletas elétricas para garantir a coleta, a construção de um galpão de armazenamento de resíduos recicláveis segregados e a implantação de uma área adequada para disponibilização dos resíduos não recicláveis e não perigosos”, detalhou a assessora.

Enquanto que as ações estruturantes desenvolvidas foram: duas oficinas sobre compostagem e de fabricação de sabão artesanal, reutilizando o óleo de cozinha; mutirão de recolhimento dos resíduos destinados ao local inadequado da comunidade; palestras para promoção de saúde ambiental, e por fim, a elaboração e lançamento da Cartilha Preservando Nossa Casa.

O projeto foi baseado nas diretrizes da Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e construído de forma coletiva com a comunidade de Tarau Paru, liderada pelo tuxaua Aldino Alves.

Projeto Orinoco

O projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras está presente no Acre, Pará, Piauí, Rondônia e Roraima. É uma ação da rede Cáritas e conta atualmente com o financiamento do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. Essa ação realizada em Tarau Paru marcou o encerramento da segunda fase do projeto, que contava com o apoio do Escritório de Assistência Humanitária da Agência dos Estados Unidos para Desenvolvimento Internacional – BHA/USAID.

Em três anos de atuação, o projeto já beneficiou mais de 17 mil migrantes em Roraima. No estado, a Cáritas Brasileira construiu instalações WASH, que são espaços de acolhimento e promoção de acesso à água, saneamento e higiene, para atender a população de rua, além de estar presente e promover melhorias em ocupações espontâneas e em território índigena. O projeto também está inserido na promoção de direitos de migrantes e refugiados, oferecendo acesso à informação sobre direitos, entre outras atividades ligadas à integração desse público.

Com informações da Cáritas Brasileira

Foto de capa: Andreia Carolis, a primeira criança indígena Taurepang a receber a cartilha Preservando Nossa Casa. Foto: Emmily Melo/Cáritas Brasileira

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