Cardeal Odilo Scherer: “Tudo na vida da Igreja deve ter a sua dimensão missionária”
Da Redação, com informações do Padre Modino – CELAM
No seu discurso o cardeal Scherer afirmou que “o Papa Francisco nos pede que retomemos o Documento de Aparecida, porque ele contém uma riqueza muito grande, que talvez não tenha sido absorvida bastante, e esse documento ainda tem muito a oferecer para a Igreja em nosso continente, e continua muito atual”.
Continuando com as propostas do Papa Francisco, o arcebispo de São Paulo lembrou o chamado do Santo Padre para que “nesta Assembleia fizéssemos uma avaliação dos frutos já produzidos pela Conferência de Aparecida, de quanto as propostas, as conclusões do Documento de Aparecida já influenciaram a vida da Igreja, a vida pastoral, a evangelização em nosso continente”. Ao mesmo tempo, ele lembrou o pedido do Papa de “que avaliemos aqueles aspectos que por acaso ainda não foram assumidos bastante, que devem ser assumidos mais para produzir o seu fruto”.
Estar atento às novas questões que surgiram desde 2007 é outro dos pedidos do Papa Francisco, segundo o cardeal brasileiro, “novas questões eclesiais, novas questões sociais, novas situações humanitárias, novas situações econômicas, políticas, culturais, que desafiam a missão da Igreja”. Diante disto, o Arcebispo de São Paulo afirmou, “a Igreja é chamada a dizer a sua palavra de discernimento, de anuncio da Boa Nova, de luz do Evangelho, de sal”.
Conferência de Aparecida
Neste dia, lembrou o cardeal, “retomamos um dos conceitos importantes na Conferência de Aparecida, e esse conceito é o da conversão”. Segundo ele, é um “conceito central para compreendermos as várias questões, as várias orientações do Documento”. Ele também lembrou o chamado à Igreja para não se contentar com uma pastoral de conservação e para se lançar a uma verdadeira pastoral de renovação missionária de toda a nossa Igreja, oferecendo respostas novas para as questões novas que surgem em todas as áreas.
O Documento de Aparecida pede “um processo de conversão pastoral, uma conversão missionária”, segundo o cardeal Odilo, recordando que Jesus começa o anúncio do Evangelho chamando à conversão e aceitação do Reino de Deus, o que implica mudanças, o que Jesus pede a todas as pessoas. Um processo de conversão que nunca está concluído, que precisa sempre ser proposto a todas as gerações e à Igreja, para que “se volte para o Evangelho dito, anunciado nas questões novas, que reclamam por tanto novas posições, novas posturas para que o Evangelho produza novos frutos dentro de novos contextos”.
Adesão a Jesus Cristo e ao Evangelho
O chamado do Documento de Aparecida é a uma conversão pastoral, insistiu o primeiro vice-presidente do Celam. A Igreja como um todo é convidada a se rever, a se renovar, e, portanto, a se voltar mais e mais para Jesus Cristo e renovar a sua adesão a Jesus Cristo e ao Evangelho”, para que ilumine cada momento e cada situação da história. Isto exige de nós, segundo o cardeal, “a coragem de tomar atitudes novas e eventualmente de abandonar velhas práticas que já não produzem mais o seu fruto, que já estão superadas pastoralmente”.
O Arcebispo de São Paulo salientou que ” continuemos talvez apegados a velhas práticas”, que não respondem às necessidades e expectativas de nosso tempo. Ele definiu a conversão pastoral como “mudar os métodos da pastoral, o foco, as atenções da pastoral, o jeito da pastoral”. Movida por esta conversão, que deve ser missionária, “nossa Igreja não pode se entender como uma Igreja que já está pronta, já cumpriu sua missão”, insistindo que “tudo na vida da Igreja deve ter a sua dimensão missionária”.
Finalmente, ele pediu um retorno à conversão diante de novas questões, situações e sonhos de Jesus para todo tipo de realidade, incluindo a casa comum. Por esta razão, ele lembrou que “a Igreja existe para participar de um mundo de acordo com o sonho de Deus”.