ONDE ESTÁ A TUA BÍBLIA?
Dom Adelar Baruffi
Bispo Diocesano de Cruz Alta (RS)
Nas celebrações da Confirmação, pergunto aos rapazes e moças, onde está a tua Bíblia? Isto porque temos a certeza de que a Palavra de Deus, bem vivida, é causa de tantos caminhos de espiritualidade cristã. Sabemos que o texto bíblico, repetido a cada dia, na sua pequenez, vai se introduzir na vida e no coração de quem o tem próximo de si. Fato, que a Palavra de Deus é um caminho que produz comunhão e unidade com Deus, sem o qual não podemos ser verdadeiramente cristãos, e com os irmãos. Então, como sermos cristãos sem a Palavra e a Eucaristia? Isto não é possível. Foi um momento em que os cristãos eram formados pelo caminho do discernimento social, onde a Palavra era colocada à prova, pelos múltiplos modos de como foi sendo alicerçada. Então, no final do caminho de Iniciação à Vida Cristã, onde fica a Palavra? Qual é o caminho que tomará? Parece-me que depois de tanto tempo que ela produz frutos, talvez não o suficiente, o caminho mais claro é o tomar na mão e levar a Palavra. Falo, sobretudo, do levar a Palavra, sempre, todos os dias até se completar o tempo da vida cristã.
Jesus, fez a mesma “saída” com a Palavra. “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19). Sempre, o Senhor anunciava, falava, ensinava e insistia com os discípulos sobre a missão. “Sem a Palavra é como se a Igreja quisesse evangelizar silenciando Jesus. Ele mesmo é a pronúncia viva do Altíssimo” (CNBB, Estudos 114, “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14)). A Escritura é a comunicação de Deus para a humanidade, com nosso jeito de ser, e que precisam da inspiração do Divino Espírito Santo. No entanto, a melhor e mais perfeita expressão da Palavra de Deus é Jesus Cristo, “a Palavra habitou entre nós” (Jo 1, 14). Este é o rumo: “Quem tiver ouvidos, ouça” (Ap 13,9). “E quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um insensato” (Mt 7,26). Sempre, com clareza, a Palavra de cada dia. Anunciada em forma de vídeo, via internet, ou em forma de texto bíblico. De fato, não falta a Palavra de Deus nunca.
Neste último domingo do mês de setembro, dia da Bíblia Sagrada, vale a mensagem de Jesus Cristo sobre a Palavra: a Parábola do Semeador (Mc 4,1-9; Mt 13,1-9; Lc 8, 4-8). Em primeiro lugar, a temática da Palavra é tão central, que ninguém lhe pode conferir outro sentido que não aquele atribuído pelo próprio Mestre e Senhor. Existem vários caminhos para a Palavra, dependendo do coração do discípulo. O certo é que o decisivo é lançar a semente, a Palavra. Em segundo lugar, nos é apresentado o Senhor em ritmo de saída, à procura, de lançar a semente. O “sentou-se junto ao mar” (Mt 13,1) é a atitude do mestre que se põe a ensinar. Fez assim lá na montanha, quando se colocou a ensinar os discípulos (Mt 5,1). Em terceiro lugar, o Semeador, não se preocupa em escolher o solo. Ele lança a semente. Ela cai onde deve cair. Ele quer que a semente chegue a todos os lugares: os passarinhos, o chão pedregoso, repleto de espinhos e, claro, o chão bom, que haverá de produzir muito fruto. Em quarto lugar, a semente cai em terra boa. A semente é muito boa, e dá bom fruto. Os frutos da Palavra, da semente, é apresentado em três medidas: cem, sessenta e trinta por um.
Que caminho especial este dos missionários e missionárias que trabalham com fé e corresponsabilidade eclesial. Quantos ministros catequistas, muitos ministros da Palavra e da Eucaristia e quantos pais e mães, levam a Palavra com alegria. Ela deve tornar-se fonte de santificação da vida cotidiana.