Dia dos Avós
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Dia 26 de julho, celebramos o dia dos Avós, uma data que não é muito conhecida pois não tem forte apelo comercial e por isso mesmo não é divulgada. Nossos avós têm uma grande importância na nossa vida, sem eles não teria quem cuidasse dos netos enquanto os pais trabalhavam: sempre existe a casa dos Avós para os netos irem passar as férias, feriados e outras datas comemorativas.
Devemos agradecer todos os dias por tê-los ao nosso lado. Muitos queriam ter os seus avós por perto e não têm mais porque já faleceram e as vezes aqueles que têm os avós por perto nem sempre dão o devido valor e o respeito.
Nesse ano a data cai em um domingo, pois é uma data fixa pois o dia dos avós sempre é celebrado dia 26 de julho. Há 7 anos (2013 – JMJ) o Papa Francisco comemorou essa data entre nós e fez uma importante reflexão na sacada do São Joaquim, depois de passar com o Papa móvel pelas ruas e cumprimentando os idosos. Entre outras palavras, ele disse: “Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”.
Na medida do possível, naquilo que nos permite estejamos junto com nossos avós neste domingo celebrando com eles esta data. Se devido a pandemia não quisermos nos aproximar para evitar o contato, que possamos fazer uma chamada de vídeo ou até mesmo uma ligação telefônica, agradecendo por ter nossos avós por perto e por tudo o que deles recebemos.
Sejamos gratos a vida deles e por tê-los ao nosso lado e que possamos acolher a vasta experiência enquanto eles estão conosco. Trazem consigo a universidade da vida e, sua experiência nos ajuda – e muito – no discernimento da vida de cada dia. É importante que nossos filhos estejam perto deles conhecendo os seus avós. Ensinando-os a respeitarem os avós, passando para eles a importância do mandamento da Lei de Deus que diz Honrar Pai e Mãe. Se passarmos para os nossos filhos a importância de respeitar os mais velhos, eles vão respeitar todas as pessoas na idade em que se encontrarem.
Na maioria das vezes são os avós que ensinam os nossos filhos a rezarem, mostram a Sagrada Escritura, o terço e ensinam as primeiras orações para eles. E os avós ensinam a rezar, educam e ensinam seus netos e netas a viverem no autêntico respeito da vida. Os avós têm a “sabedoria” da vida, já são vividos e podem ensinar muitas coisas. Devemos respeitar os “cabelos brancos” e agradecer por eles estarem conosco sempre. Uma sociedade sábia sabe respeitar seus idosos e dar-lhes o devido lugar na missão de passar suas experiências às novas gerações.
O dia dos avós remonta ao dia que celebramos Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avós de Jesus. São Joaquim e Sant’Ana são os padroeiros dos avós. Sant’Ana é a padroeira das mulheres grávidas e das que desejam ter filhos, pois ela teve Maria em idade avançada quando não esperava mais ter filhos, o anjo do Senhor lhe apareceu e ela concebeu Maria que seria a Mãe do Salvador.
Maria recebeu no lar formado por seus pais todo o tesouro das tradições da Casa de Davi que passavam de uma geração para outra; foi no lar que aprendeu a dirigir-se a Deus com imensa piedade; foi no lar que conheceu as profecias relativas à chegada do Messias. Os anos passados com seus pais foram suficientes para Maria aprender muitas coisas da tradição judaica da época e sobretudo como “temer” a Deus. E por consequência já se preparar para a escolha que Deus faria para ela futuramente. São Joaquim e Sant’Ana, pais de Maria, foram, no seu tempo e nas circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto da salvação da humanidade. Essa formação, influenciou profundamente também na educação de Jesus.
São Joaquim e Sant’Ana foram abençoados com a gravidez de Maria Santíssima. Eles são o modelo para todos os casais cristãos. A decisão de dedicar a sua filha, Maria Santíssima, ao Senhor deveria inspirar os pais cristãos a apresentarem seus filhos para receberem o Batismo. Sua resposta ao chamado para serem pai e mãe da Mãe do Senhor é uma lição de amor para todos os pais cristãos.
Esse é o papel dos pais e, consequentemente, o papel dos avós: ensinar as crianças para o caminho do bem e da verdade e uma educação que passe de geração para geração. Ou seja, aquela educação religiosa genuinamente católica que os pais receberam consequentemente vai ser repassada para os seus filhos e assim por diante.
As crianças muito nos ensinam nos dias de hoje com o seu jeito de ser e com as novas tecnologias que temos no mundo. Mas é claro devemos tomar o máximo de cuidado e ensiná-las os perigos que algumas coisas podem trazer, sobretudo o uso excessivo das tecnologias. Deve-se, no diálogo que educa, determinar limites de horário para que eles usem a internet, a televisão e afins e que tenham tempo para o estudo, para a oração familiar e para o convívio familiar. É bom que as crianças saibam a importância de se ter uma família constituída no amor e no respeito.
Sejamos gratos aos nossos avós, aproveitemos enquanto os temos ao nosso lado e, neste domingo, se não pudermos estar ao lado deles que pelo menos possamos lembrar deles de um modo bem concreto e manifesto para que de alguma forma eles possam nos sentir perto deles e lembrados por nós seus netos.
Para os avós que já foram chamados para junto de Deus elevamos nosso “memento” pelo seu eterno descanso e para que do céu continuem velando pelas suas famílias.
Que Deus abençoe a nossa vida e a vida de nossos avós por intercessão de Sant’Ana e São Joaquim. Amém!