Diocese São Carlos nov 1, 2024

A salutar oração pelos falecidos

A salutar oração pelos falecidos

Dom Luiz Carlos Dias

O ano reserva um dia para as pessoas lembrarem dos seus mortos, normalmente vivido com um misto de saudade e fé, na esperança de que seus entes queridos, alcançados pela morte, estejam vivos. 

Evidentemente que trazer à memória os irmãos e irmãs falecidos, suscita reflexão acerca da inevitabilidade da morte, que contradiz o anseio profundo de viver do ser humano, além de o separar do que ama ou construiu, e mesmo do seu próprio corpo. A busca por resposta a essa realidade de imenso impacto existencial é praticamente uma exigência pessoal.

A Igreja, amparada no Mistério Pascal de Jesus, professa a fé na vida eterna, ponto de fundamental apoio da esperança cristã (Papa Francisco. Spes non Confundit, n. 19). O Filho de Deus se encarnou entre nós e solidário a todo ser humano, morreu para dar morte à morte. 

Os Evangelhos atestam ricamente que Jesus ressuscitou ao terceiro dia, como testemunham Maria Madalena e os demais Apóstolos do Senhor (cf. Mt 28, 1-10; Mc 16, 1-14; Lc 24, 36-43; Jo 20-21). Assim, a ressurreição, coração de nossa fé, é caracterizada pelos encontros com Cristo ressuscitado (Catecismo da Igreja Católica, n. 995). 

Este traz à tona a vocação primeira do batizado, a santidade. O Batismo comunica o Espírito Santo e configura aquele que é batizado a Jesus Cristo, para se santificar amando a Deus e ao próximo (Lc 11, 25-28; Jo 13,34), e um dia adentrar na casa eterna do Pai. Maria Imaculada representa a santidade da Igreja de modo mais perfeito e precede a todos no céu com intensas intercessões maternas. 

Mas, na grande comunidade cristã, reluz uma multidão de santos, especialmente os mártires, e pessoas como “A nossa própria mãe, avó ou outras pessoas próximas de nós” (Papa Francisco. Gaudete et Exsultate, n. 1). O amor de Jesus Cristo salva, apesar das contradições humanas, porque não pode deixar de amar (Papa Francisco. Christus Vivit, n. 120). 

Entretanto, do ponto de vista humano alguém pode morrer sem a devida purificação, empecilho para experimentar a alegria plena diante de Deus (CIC. n 1030-1031). Esses passam pelo Purgatório ou Igreja padecente, já na condição de salvos, na expectativa de adentrar plenamente na casa do Pai Eterno. Assim sendo, a Igreja peregrina é convidada a manifestar sempre a solicitude cristã para com os mortos.

Especialmente neste dia de comemoração dos fiéis defuntos, é oportuno relembrar que rezar pelos mortos é uma das obras de misericórdia espirituais. Desde seus primórdios a Igreja soube honrar a memória dos falecidos, oferecendo sufrágios em seu favor, sobretudo o sacrifício eucarístico. Também podem ser oferecidos aos mortos as esmolas, as indulgências e obras de penitência (CIC. n. 1032).

Que nossos mortos sejam reverenciados e agraciados com obras espirituais. 

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