Vida da vida
Por Padre Robson Caramano
Bem se sabe que há uma busca por vida saudável. Há quem passe toda uma história sem a ter encontrado, realmente. Fato é que hoje, mais do que nunca, procura-se uma vida duradoura. Poucos querem morrer, outros tantos têm dificuldade em encarar a perda. Adoecer não se pensa, morrer então, Deus me livre!
No mundo antigo existe uma curiosidade a ser observada, quando Galileu Galilei desenvolveu o pêndulo para medir o tempo. Na escassez de recursos, Galilei recorreu aos moldes primirivos, regulava o compasso de um segundo do pêndulo de acordo com as batidas de seu coração.
Eureka! Na exatidão dos cálculos de Galileu podemos reconhecer a beleza e a longevidade, nada exata, da vida. O tempo certo do pêndulo se encontra nas batidas do coração; o tempo que mede a história pulsa no interior de quem a constrói. Como expressou Henry Van Dyke “o tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que tem medo, muito longo para os que sofrem, muito curto para os que se alegram. Mas, para os que amam, o tempo não é.”
O amor, com sede ilustrativa no coração, demonstra a força que move a vida. E, por ele, temos a capacidade de eternizar momentos e pessoas. Amar, tal como viver, é um grande arriscar e, no meu modo de ver, arriscar é um constante ‘não temer’. Lançar-se no tempo, vivê-lo intensamente no desejo de ressaltar o tempo independente do espaço.
Se por um lado é amor, por outro, são experiências únicas. Bem afirmara alguém: “O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas, mas, acima de tudo, o tempo traz verdades”. A vida é muito breve para vivê-la mediocremente. Esta é uma verdade reservada aos sábios, àqueles que aprendem a aprender.
Na medida em que passa o tempo não desejamos, nem tampouco, aceitamos que ele se vá. Por isso, vivemos o hoje com saudade do ontem e com medo do amanhã. Muitos querem estender o tempo da vida, mas sem nem saber o que fazer de suas histórias. A grande questão não está em viver mais, mas sim em viver bem. Em ter a capacidade de se eternizar no tempo de alguém. Entender que num instante a vida salta. Outros seguirão para estações desconhecidas. Só Deus sabe qual o ponto de chegada de cada um.
Ainda no mundo antigo, encontramos na Basílica de São Pedro em Roma, atrás do pilar com a estátua de Verônica, um monumento no qual há uma caveira que traz em suas mãos uma ampulheta, usada para medir o tempo. É assim amigos (a): a vida é breve. A vida é bela, a vida é única. Vamos vivê-la com intensidade. Dela, apenas o tempo não perece.
**Texto escrito para o Jornal Primeira Página da cidade de São Carlos no dia 29/01/2017