Diocese São Carlos jan 4, 2025

Reflexão – Solenidade da Epifania do Senhor

Reflexão – Solenidade da Epifania do Senhor

Dom Luiz Carlos Dias

Bispo diocesano

 

A Solenidade da Epifania do Senhor é uma das festas do ciclo da liturgia natalina, e conta com grande apelo popular. Ainda hoje se cultiva a festa dos Reis Magos com a “Folia de Reis”, conhecida por nós, e em alguns países há o costume de crianças se vestirem de reis para anunciar, a seu modo, o Deus recém-nascido que os Magos adoraram.

Os versículos do Evangelho de Mateus (Mt 2,1-12), que apresentam os “magos do Oriente” em busca do rei dos judeus, recém-nascido, contém uma mensagem muito atual para os nossos tempos. O Papa Francisco em comentário a essa passagem mateana disse que os Magos têm os olhos apontados para o céu, os pés caminhando na terra e os corações prostrados em adoração. Eis uma trilogia sábia para a existência de uma pessoa decorrer com equilíbrio e horizonte significativo para realizar seus anseios mais profundos de vida.

É fácil constatar que, para muitos, já não é preciso olhar para o céu, nem para manifestar gratidão a Deus pela existência e pela história em eventos importantes, como na passagem de ano, basta festejar. O exemplo é sintomático de vida sem grandes perguntas acerca do sentido primordial da vida, do melhor caminho e dos valores a serem cultivados. Entretanto, os magos testemunham, por todo o sempre, que o ser humano carece da luz do céu para o seu peregrinar alcançar a meta por excelência e não desembocar em um vazio enfadonho.

Na época do nascimento de Jesus, a palavra mago era aplicada a pessoas que cultivavam a sabedoria, eram estudiosos e acompanhavam as mudanças na história (na terra) e também nos céus, por isso perceberam a chegada de algo novo e iluminador. Nos documentos do Concílio Vaticano II, a expressão “sinais dos tempos”, é um convite à leitura da manifestação de Deus, às pessoas de boa vontade, pois Ele fala pela/na história, e vem ao encontro de seus filhos e filhas, em circunstâncias concretas de suas vidas com ternura, amor, e a força necessária para transformar as situações contrárias a seu plano de amor.

A liturgia da Igreja nesse final de semana, atualiza o fato de Jesus Cristo, ainda na manjedoura, ser apresentado e reconhecido como luz/salvação a todos os povos e nações do mundo. Sua missão é universal e contempla a todos, pois a realização em plenitude de uma pessoa, ocorre quando se encontra com Jesus Cristo. Santo Agostinho é exemplo claro da transformação que o Senhor proporciona a alguém ao encontrá-lo. E o que esse santo expressou, aclamando o amor eterno em palavras, os reis vindos do Oriente traduziram em oferta de presentes: ouro incenso e mirra, como gratidão pela dádiva da encarnação do Salvador.

Estamos em um Ano Jubilar pela redenção a nós proporcionada pelo Filho de Deus e Maria Santíssima. Tempo de peregrinar como os magos, oportunidade para a renovação e aprofundamento do encontro com Senhor Jesus. Tempo de tomada de consciência da importância de se adequar a vida pessoal e comunitária à justiça do Reino, e de contribuir para a superação de situações degradantes à vida na sociedade. O Papa Francisco, por exemplo, tem pedido o perdão das dívidas contraídas por países pobres junto aos países desenvolvidos.

Neste Ano Jubilar, peregrinemos com a luz do Salvador e louvores que expressem nossa adesão ao projeto de vida em abundância de Deus para o gênero humano.

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