Diocese São Carlos dez 24, 2024

Homilia de Dom Luiz Carlos Dias – Vigília de Natal 2024

Homilia de Dom Luiz Carlos Dias – Vigília de Natal 2024

Nesse tempo do Advento, certamente o Espírito Santo preparou a todos nós para esta noite santa. Se não nos empenhamos na oração e nas boas obras, fomos preparados pelas adversidades e desafios que a vida e a história nos impõem, para que nossos corações se abram à maravilhosa visita de Deus à humanidade e a cada um de seus filhos e filhas.

 

Fico imaginando o que seria de nós sem noites como essas, com liturgias tão iluminativas para nossas existências como esta em que estamos. O que seria de nós sem a Palavra que nos acompanha e nos sustenta diante das adversidades, preocupações, angústias e sofrimento. E se nos atentarmos ao noticiário, então, o horizonte pode se tornar ainda mais desanimador.

 

A Liturgia de hoje nos ajuda nesse aspecto, pois entre a profecia de Isaías e a realização dessa, decorreram cerca de sete séculos. E Israel, mesmo com erros e pecados, continuou a caminhar, ancorado sobretudo nessa promessa, da vinda de um rei messias, com características divinas.

 

E a promessa se concretizou, a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Prólogo de João). No Evangelho, São Lucas relata a realização dessa promessa feita por Deus a Israel, em vista de toda a humanidade. Mas o seu relato, também nos testemunha que Deus de fato entra na história, assumindo um rosto humano, mas respeitando coordenadas geográficas, aceitando determinados acontecimentos, como um recenseamento. Porém, suplantando tudo, para que seu plano de salvação e cumprimento das promessas chegasse a termo. Isso deve tocar a todos nós. Como também, o fato de o Deus de poder se encarnar na humanidade do modo mais humilde possível, contrariando nossas percepções e lógicas.

 

Irmãos e irmãs, o Filho de Deus nasce na maior pobreza, desprovido de aparato material, em meio a animais. Por que? Certamente, para nos mostrar o que é essencial para a vida, o amor. A sua visita a nós por Jesus é um imenso gesto de amor. Jesus vem comunicar que Deus nos ama com um amor misericordioso e incondicional. Ele não nos rejeita pelo que somos ou fazemos, simplesmente nos ama. Jesus vem para restabelecer a comunhão rompida entre Ele e nós, pelo pecado de Adão e Eva. E assim, iluminar nossos corações e caminhos, e nos proporcionar vida nova e abundante.

 

Esse é o significado maior desta data para nós todos, para nossas famílias e para a sociedade. Quanto à vida nova, passa pela restauração da justiça e da vida na graça concedida por Deus em Jesus Cristo, nosso irmão.

 

Enfim, em Jesus encarnado, Deus quer nos resgatar para uma vida de comunhão com Ele, de participação na comunhão intra-trinitária (do Pai e do Filho mediada pelo Espírito Santo). Em Jesus, somos assumidos por Deus, e nele transformados para esta vida nova e eterna, que continua nos céus.

 

O mistério da encarnação de Jesus Cristo neste Natal traz consigo um Ano Jubilar, um tempo em que Deus abre os céus de maneira especial para nos proporcionar bênçãos e graças, para recolocarmos nossas vidas em acordo com a sua Palavra e seu projeto. O Ano Jubilar é um tempo oportuno para a superação de males que se aninham com o passar do tempo em nossos corações, nossas vidas e na sociedade. É tempo para empenhos em prol da reconciliação, da justiça e da fraternidade.

 

Hoje também agradecemos a Deus porque há 1300 anos atrás o Concílio de Nicéia definiu que Jesus Cristo é “Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”, como rezamos no Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Agradeçamos a Deus por essa definição que nos faz perceber quem é realmente o menino nascido em Belém.

 

Rendamos graças nessa eucaristia pela encarnação de Jesus Cristo, em Belém, se fazendo nosso alimento e sustento para que nosso peregrinar seja de esperança.

 

Que Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa, nos abençoe neste caminhar de seguimento de seu amado Filho.

 

Dom Luiz Carlos Dias

Bispo diocesano

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