Diocese São Carlos nov 4, 2024

Homilia de Dom Luiz Carlos por ocasião do dia do padroeiro da diocese, São Carlos Borromeu

Homilia de Dom Luiz Carlos por ocasião do dia do padroeiro da diocese, São Carlos Borromeu

Caríssimos irmãos e irmãs, neste 04 de novembro, memória litúrgica de São Carlos Borromeu, rendemos graças pelos 167 anos de criação do Município de São Carlos e rezamos pela continuidade de sua bela jornada. Os principais fundadores desta cidade, nutriam grande devoção por São Carlos Borromeu, inclusive nesses dias contamos com a imagem originária do nosso Santo Padroeiro na Catedral. 

Na Liturgia da Palavra de hoje, ouvimos os ensinamentos de Jesus, partindo da figura de um banquete, no Evangelho de São Lucas. Ouvimos Jesus exortar seus discípulos, e a cada um de nós, a realizarem ações de gratuidade, conforme aprendeu de seu Pai Celeste, que ama sem exigir recompensa. Jesus dá uma face concreta ao amor divino, pois vem entre nós para entregar-se por nós sem medidas na cruz, enquanto éramos pecadores. 

Esse ensinamento de Jesus é eternizado no banquete eucarístico. Aberto a todos, dele tomam parte somente aqueles que tocados pela fé, sentem-se atraídos pelo amor de Deus, atualizado a cada celebração da Eucaristia, grande mestra de um amor incondicional, que possibilita relações de gratuidade, e supera o farisaísmo da busca de recompensas. 

Outra lição pertinente a essa passagem, é a que somente esse amor leva ao cuidado dos pobres e sofredores do nosso tempo, muitas vezes desprezados e sem quem lhes ame verdadeiramente. Por isso, o Papa Francisco instituiu o dia Mundial do Pobre, conclamando a Igreja e toda a sociedade a superar tamanha injustiça. 

Partindo desses ensinamentos retomemos aspectos da vida de São Carlos Borromeu, que se caracterizou pelo zelo apostólico da Arquidiocese de Milão, mas sobretudo pelo cuidado dos pobres da sua época, incluindo um período de pandemia. 

Ele, nascido em berço de ouro, aos 12 anos foi enviado ao seminário pela sua família, aos 21 anos já havia concluído os cursos de Direito canônico e civil em Pavia. Ordenado padre aos 25 anos, dois anos depois recebeu a incumbência de ser bispo da Arquidiocese de Milão. A sua formação e atuação como bispo, o credenciou a tomar das últimas sessões do Concílio de Trento, e se notabilizou na implementação da reforma intentada por esse concílio. 

O contexto em Milão era desafiador e chegou a sofrer um atentado em sua capela. No entanto, destemido, avançou em seu apostolado reformador, e pouco a pouco foi se desfazendo de seus bens em prol dos pobres. Criou casas de acolhida, hospitais, escolas, além de doar pontualmente para particulares. Demonstrou um amor sem limites pelos que recebera na missão de pastorear, e seu empenho foi tamanho, que sentiu suas forças físicas se esvanecerem, restringindo muito sua atuação até falecer em novembro de 1584, aos 46 anos de idade.

São Carlos Borromeu, dotado de muitos dons e capacidades, se caracterizou como um homem caridoso e humilde, segundo seu lema: “humilitas” (Humildade). Empenhado no pastoreio, em 20 anos, deixou um legado de reforma das estruturas da Igreja de Milão e imprescindíveis obras de caridade. Aos padres procurou ajudá-los com firmeza a serem autênticos servos de Deus e pais do seu povo, em especial dos pobres.

Neste dia, iluminados pela Palavra de Deus que ressoou entre nós e revisitando a vida de nosso santo padroeiro, rezemos pela nossa São Carlos ao completar 167 anos de fundação. Uma cidade de história relevante, agradável pela geografia, clima e condições de vida oferecidas à sua população. A essas características, somam-se seus polos de pesquisa e de produção tecnológica, que lhe conferem reputação em todo o país. 

Porém, toda cidade, mesmo bem estruturada, ainda se vê com o desafio de incluir à mesa quem não se beneficia das dádivas de parte da população. Rezemos por um futuro ainda mais próspero e de paz para São Carlos! Que assim seja.

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