Tríduo Pascal: mergulhar no mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Quinta-feira Santa
Neste dia, são duas grandes marcas: a dos Santos óleos e a do Lava Pés. A primeira ocorre na Missa do Crisma, que reúne todo o clero diocesano com o bispo, recordando a unidade da Igreja e o compromisso de servir a Jesus Cristo. Na celebração, três óleos são abençoados: o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos.
Já o lava-pés, um ritual litúrgico que recorda o gesto de Jesus antes da última ceia, ocorre na celebração da Quinta-feira Santa que recorda a instituição da Eucaristia. O rito do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre lava os pés de algumas pessoas da comunidade, imitando Jesus, como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos tenham a salvação.
É na celebração da Missa da Ceia do Senhor, na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa, que a Igreja dá início ao Tríduo Pascal. Oferecendo ao Pai o Seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregando aos apóstolos para que os tomassem, Jesus institui a Eucaristia. Essa ação de graças designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de Pão e Vinho. A Liturgia oferece as leituras de Êxodo 12, 1-8.11-14, I Coríntios 11, 23-26 e o Evangelho segundo São João 13, 1-15.
Sexta-feira Santa
A tarde da Sexta-feira Santa apresenta o drama incomensurável da morte de Cristo no Calvário. A cruz, erguida sobre o mundo, segue de pé como sinal de salvação e esperança. Com a Paixão de Jesus, segundo o Evangelho de João, é contemplado o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que o transpassou o lado. Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da santa cruz, momento em que esta é apresentada solenemente à comunidade. Neste dia, não há celebração eucarística. A Liturgia da Palavra oferece a leitura de Isaías 52, o Salmo 30 (31), Hebreus 4 e o Evangelho de João 18, 1 – 19, 42.
Neste dia, a Via-sacra ganha relevo, assim como o gesto no decorrer da Quaresma, como forma de meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz. A Igreja propõe a meditação para ajudar a rezar e a mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus. Em muitas paróquias e comunidades, são realizadas encenações da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.
Sábado Santo
O Sábado Santo não é um dia vazio, em que “nada acontece”. Nem uma duplicação da Sexta-feira Santa. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo que pode ir uma pessoa.
É neste dia que a Igreja celebra a Vigília Pascal. A celebração acontece no sábado à noite. É uma vigília em honra ao Senhor, de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (cf. Lc 12,35-36), tenham acesas as lâmpadas, como os que aguardam seu senhor chegar, para que, os encontre em vigília e os convide a sentar à sua mesa.
A celebração inicia com a bênção do fogo, realizada fora da Igreja, com a bênção do fogo novo. Em seguida, o Círio Pascal é apresentado ao sacerdote. Com um estilete, o padre faz nele uma cruz, dizendo palavras sobre a eternidade de Cristo. Assim, ele expressa, com gestos e palavras, toda a doutrina do império de Cristo sobre o cosmos, exposta em São Paulo. Nada escapa da Redenção do Senhor, e tudo – homens, coisas e tempo – estão sob Sua potestade.
Em procissão, a comunidade segue com o Círio à frente e as luzes apagadas. O diácono toma o Círio e o ergue, por algum tempo, proclamando: “Eis a luz de Cristo!”. Todos respondem: “Demos graças a Deus!”. Os fiéis acendem suas velas no fogo do Círio Pascal e entram na igreja. O Círio, que representa o Cristo Ressuscitado, a coluna de fogo e de luz que nos guia pelas trevas e nos indica o caminho à terra prometida, avança em procissão.
Proclamação da Páscoa – O povo permanece em pé com as velas acesas. O presidente da celebração incensa o Círio Pascal. Em seguida, a Páscoa é proclamada. Esse hino de louvor, em primeiro lugar, anuncia a todos a alegria da Páscoa, a alegria do Céu, da Terra, da Igreja, da assembleia dos cristãos. Essa alegria procede da vitória de Cristo sobre as trevas. Terminada a proclamação, apagam-se as velas.
Liturgia da Palavra – Nesta noite, a comunidade cristã se detém mais que o usual na proclamação da Palavra. As leituras da vigília têm uma coerência e um ritmo entre elas. A melhor chave é a que nos deu o próprio Cristo: “E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes (aos discípulos de Emaús) o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (Lc 24, 27).
Domingo da Ressurreição
É o dia santo mais importante da religião cristã. Depois de morrer crucificado, o corpo de Jesus foi sepultado, ali permaneceu até a ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. Do hebreu “Peseach”, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. A presença de Jesus ressuscitado não é uma alucinação dos Apóstolos. Quando dizemos “Cristo vive” não estamos usando um modo de falar, como pensam alguns, para dizer que vive somente em nossa lembrança.
Fonte: CNBB