Cardeal Sérgio da Rocha: a dimensão de serviço é fundamental para a Cúria Romana
Padre Modino – CELAM
Um dos presentes no encontro no Vaticano, que reúne todos os cardeais da Igreja, também os eméritos é o arcebispo de Salvador de Bahia, Dom Sérgio da Rocha, que vê esse momento como “muito especial, de vivência da colegialidade entre nós bispos, mas muito atentos, muito em sintonia com a missão da Igreja no mundo inteiro”. O Primaz do Brasil lembra que “o Papa Francisco tem falado muito em sinodalidade e naturalmente em colegialidade episcopal”, destacando que é um momento “de vivência da própria sinodalidade entre os cardeais, que somos os primeiros a estar em sintonia com o Papa Francisco e a valorizar sempre mais essa proposta do caminhar juntos nas várias instâncias da própria Igreja”.
O cardeal da Rocha reconhece que “sempre se espera por reformas ou por iniciativas que expressem mudanças de ordem prática, mas acima de tudo é necessário acolher o Espírito da própria constituição, da própria proposta para a Cúria Romana, que é justamente de comunhão, de serviço e missão”. Ele insiste na necessária “vivência da comunhão, vivência da missão numa atitude permanente de serviço, de Igreja servidora e solidária”. Nesse sentido, dom Sergio afirma que isso tem que ser assumido pela Cúria Romana “em seu dia a dia e nas suas estruturas, aquilo que se quer para toda a Igreja, que nós sejamos mesmo uma Igreja que promova sempre mais, vivencie sempre mais a comunhão, essa dimensão do serviço, os que estão atuando na Cúria Romana são servidores e hoje servidoras da Igreja, e é claro, em vista da missão da Igreja”.
O arcebispo de Salvador não hesita em dizer que “essa dimensão de serviço, de missão, são fundamentais para a Cúria Romana, assim como para o conjunto da Igreja”. Estamos diante de um convite do Papa, também para a Cúria, que “quer incluir nessa perspectiva sinodal o conjunto da Igreja”. O propósito do Papa, segundo o Primaz do Brasil, é “tornar a Cúria Romana sempre mais participativa em relação à diversidade, à pluralidade da Igreja no mundo”. Ele destaca a importância de “que a Cúria conte cada mais com a diversidade de vocações e ministérios, mas também com a diversidade regional, a pluralidade de expressões da Igreja no mundo, já que nós temos tido um esforço muito bonito do Papa em trazer para a Cúria Romana, representantes da Igreja nos vários continentes”.
Dom Sérgio da Rocha insiste em que “a catolicidade da Igreja, na sua essência mais genuína, exige esta pluralidade da Igreja na sua atuação”. Ele diz que “aqueles que atuam na Cúria, podem expressar bem melhor e cumprir bem melhor a realidade pluriforma da própria missão da Igreja no mundo, sempre buscando aquilo que é essencial, aquilo que nos une como Igreja. Mas sem dúvida que essa representação contando sobretudo hoje com a presença de mulheres, é fundamental”.
O purpurado coloca como exemplo o Dicastério para os Bispos, do qual faz parte, mostrando sua alegria e felicitando o Papa Francisco “pela escolha de mulheres para integrar o próprio dicastério”, algo que considera de grande relevância, diante desta “tarefa muito exigente que é a do Dicastério dos Bispos”.
Uma diversidade que se faz presente no Colégio Cardinalício, que “ajuda a nós cardeais, porque é muito importante que cada cardeal tenha também outras perspectivas, conheça ou ouça a respeito de outras realidades da Igreja no mundo para poder ajudar melhor ao Papa no nosso serviço à Igreja”, ressalta Dom Sérgio. Ele destaca que “nós cardeais somos servidores da Igreja, em primeiro lugar ao serviço do próprio Papa, daquilo que o Papa define como serviço para cada cardeal”.
Essa presença de cardeais das mais diferentes regiões do mundo, aqueles que muitas vezes chamam de periféricos, de regiões com uma importância que se considera secundária na geopolítica atual mundial, o Papa ao fazer isso, diz o Arcebispo de Salvador, “está não só valorizando a Igreja que está presente no mundo inteiro, nos diferentes contextos socioculturais, mas também com isso a Igreja local, através de seus cardeais possa contribuir melhor com o Colégio Cardinalício, mas sobretudo com o Papa, de quem nós estamos ao serviço”.
Ele vê como sinal de esperança essa pluralidade de origens dos próprios cardeais, algo que “tem um significado eclesiológico muito bonito, enquanto expressão da catolicidade da Igreja, essa pluralidade de origens dos próprios bispos, mas também tem uma dimensão pastoral, de ordem prática, de que com essa presença plural a Igreja possa realizar cada vez melhor a sua missão buscando sim a unidade, mas sempre respeitando a pluralidade dos contextos onde a missão acontece”.