59ª AG apresenta realidades sociais brasileiras que precisam de atenção
Da Redação
Entre os assuntos debatidos pelos bispos do Brasil na 59ª Assembleia, está Análise de Conjuntura Social que foi apresentada pelo bispo de Carolina (MA), dom Francisco de Lima Soares, coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da CNBB.
O documento com o título ‘Os clamores do meu povo. A realidade brasileira de 2022’, teve inspiração em dois documentos históricos da Igreja no Brasil: ‘Eu ouvi os clamores do meu povo a realidade do Nordeste em 1973’ e ‘Y-Juca-Pirama, o índio: aquele que deve morrer, documento de urgência de bispos e missionários, do Centro-Oeste’.
A fome e a insegurança alimentar foram um dos pontos principais destacados pelo bispo que lembrou que este cenário “voltou a se agravar e a castigar a população brasileira”. O grupo apresentou dados da pesquisa realizada pelo Datafolha, que apontou que, em março de 2022, a quantidade de comida em casa era insuficiente para 24% dos brasileiros, ainda como reflexo da volta do país ao mapa da fome da ONU a partir de 2018, após ter saído em 2014.
Outro ponto levantado foi a economia brasileira, que de acordo com dados do IBGE foi muito baixo, de apenas 0,5%, mesmo patamar observado nos anos de 2012 e 2013.
Dom Francisco comentou sobre a política brasileira e as eleições de 2022, classificando o atual momento como “autoritário, transformação dos adversários políticos em inimigos, destruição das conquistas e dos direitos consolidados, desmonte das políticas públicas e a desinstitucionalização e desgaste da democracia, forte presença das redes sociais e de um ‘ódio’ político que transformou o debate em embate”.
O coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da CNBB também falou sobre o perfil do Congresso Nacional, ressaltando as disputas presentes no poder Judiciário brasileiro e a mudança de sigla partidária, por parte de 122 deputados.
Além disso, onze temas foram sistematizados como pontos que precisam de defesa dos prelados brasileiros frente a conjuntura:
1 – A defesa intransigente dos direitos civis e das instituições democráticas do país;
2 – A definição de um plano para a saída da crise, com foco no curto prazo e ancorado em investimentos de infraestrutura social, na difusão de meios de acesso ao ambiente digital;
3 – A aplicação das políticas sociais
e de proteção e amparo aos mais vulneráveis;
4 – A construção de uma nova proposta de desenvolvimento para o país: mais inclusiva e ambientalmente sustentável;
5 – O fortalecimento das cadeias produtivas, com foco nos pequenos e médios negócios com crédito subsidiado e renegociação de dívidas para trabalhadores, pequenos produtores, profissionais liberais e comerciantes;
6 – A universalização dos serviços públicos essenciais, a partir da compreensão de que saúde, educação, saneamento e transporte público são direitos dos cidadãos e, como tais, não podem ser regidos pela lógica da mercadoria e dos mercados;
7 – A implantação de forte tributação sobre as grandes fortunas e sobre o rentismo, de maneira a possibilitar a recuperação da autonomia do Estado, hoje capturado pelo mercado financeiro;
8 – A redução das taxas de juros e das transferências de recursos públicos ao mercado financeiro;
9 – O desenvolvimento de uma política agrária e agrícola que priorize a produção de alimentos, agricultura familiar e práticas ambientalmente sustentáveis;
10 – A proteção e recuperação do uso sustentável dos ecossistemas da nossa casa comum;
11 – A promoção da paz e a justiça.