OS ÓLEOS ABENÇOADOS NA MISSA DO CRISMA: SAIBA QUAIS SÃO E A COMPOSIÇÃO DELES
Artigo do Cardeal Dom Sergio da Rocha
Na abertura das celebrações pascais, a Igreja celebra, na manhã da Quinta-feira Santa, a Missa do Crisma. É nesta ocasião que são abençoados os óleos que são utilizados na administração dos sacramentos durante o ano. Também conhecida como Missa da Unidade, a liturgia matutina da Quinta-feira da Semana Santa reúne todo o presbitério diocesano com seu bispo.
De acordo com o Pontifical Romano, essa Missa é considerada uma das principais manifestações da plenitude do sacerdócio do bispo e sinal da íntima união dos presbíteros com ele.
Mas quais são esses óleos e como são usados?
A origem
A origem do uso dos óleos nos sacramentos é bíblica, com referências a cada um deles na tradição e no magistério da Igreja. Antes do Concílio Vaticano II, o óleo usado nos sacramentos devia ser exclusivamente o azeite de oliveira. Mas, considerando a dificuldade de se conseguir a matéria prima em algumas localidades, o Papa Paulo VI ouviu o pedido de numerosos bispos e permitiu a adoção de outro tipo de óleo, “o qual, todavia, deve ser extraído de plantas, enquanto é mais semelhante à matéria designada na Sagrada Escritura”, segundo definiu na Constituição Apostólica Sacram Unctionem Infirmorum – sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos.
Quais são os óleos
Os Santos Óleos preparados na Quinta-feira Santa estão relacionados aos Sacramentos. Há os óleos abençoados, que são o dos Catecúmenos e dos Enfermos; e o óleo consagrado, o Santo Crisma.
O Óleo dos Catecúmenos é utilizado no Sacramento do Batismo, quando é ungido o peito da pessoa que será batizada. Já o dos Enfermos é conferido àqueles “que estão doentes em perigo de vida, ungindo-os na fronte e nas mãos”. Esses dois óleos são abençoados na Missa matutina da Quinta-feira Santa.
O óleo do Crisma
Já o Óleo do Crisma é consagrado durante a celebração, e exclusivamente pelo bispo, no Rito Romano. Além dessa distinção em relação aos outros dois, ele recebe durante a consagração a mistura do bálsamo, o que lhe confere um cheiro agradável, e também o sopro do bispo, como sinal do Espírito Santo.
O Pontifical Romano ensina que “é com o santo crisma consagrado pelo bispo que os recém-batizados são ungidos e que os confirmandos são marcados”. Assim, após receber a água do batismo, é feita a unção pós batismal com óleo do Crisma, cuja oração pede que o Espírito Santo consagre aquele novo cristão com o óleo santo “para que participem da missão do Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei, e sigam os passos de Jesus permanecendo no seu povo até a vida eterna”.
Também são ungidos com o óleo consagrado aqueles que recebem o Sacramento da Crisma, conferido enquanto o ministro traça o sinal da cruz sobre a fronte do crismando e pronuncia as palavras da fórmula. E ainda os ministros ordenados, sendo os presbíteros nas mãos e os bispos na cabeça.
O cheiro agradável
O bálsamo misturado ao óleo faz com que este signifique a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. De acordo com o assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Leonardo Pinheiro, o bálsamo misturado no óleo do Crisma é comumente oriundo, aqui no Brasil, de essências de ervas da Amazônia.
Fotos: arquidiocese de Brasília (DF)