O papel dos pais na educação de crianças e jovens para o caminho da Fé
Escrito por Lais Silva
Fraternidade e Educação. Este é o tema da Campanha da Fraternidade 2022, e essa é a terceira vez que a Igreja do Brasil traz esse tema para a Campanha.
A educação é facilmente associada com professores e a escola, mas ela vai muito além dos ensinamentos aprendidos em sala de aula. Em entrevista ao Portal A12, o Pe. Patricky Samuel Batista, Secretário de Campanhas da CNBB, explicou que a família tem um papel fundamental na educação dos filhos.
“A Campanha vem nos recordar que os pais, cada família, possui uma tarefa educativa irrenunciável e intransferível. Talvez o grande auxílio aos pais seja ajudá-los a pensar que a educação dos filhos deve ir além da projeção de uma carreira profissional. Ela deve estar atenta a integralidade do processo educativo onde a educação na fé, educar para os valores e virtudes, para a cidadania e o bem comum também são imprescindíveis”, afirmou.
Tão importante quanto a educação em um contexto geral, é a educação no caminho da fé. Muitos pais acham que o papel de educar as crianças e jovens no caminho da fé é tarefa exclusiva dos catequistas, mas de acordo com o Padre, esse é um trabalho em conjunto.
“No que diz respeito ao caminho da fé, a Campanha da Fraternidade recorda que as primícias da fé devem ser semeadas em casa, no lar. Muitos pensam que essa é a tarefa do catequista e vão de certa forma terceirizando sua tarefa educativa. Os pais não podem ser alijados, excluídos de tal tarefa”, explicou.
O papel do catequista na educação na fé
O catequista tem um chamado para educar na fé e desenvolve o papel de educador na vida de crianças e jovens. Esse papel é fundamental para ensinar o caminho da fé.
“Assumindo a catequese como um verdadeiro ministério, como nos lembra o Papa Francisco, aqui entra todo caminho e beleza da iniciação à vida cristã que precisa ser bem compreendida, valorizada e promovida. Vivendo a Campanha no tempo quaresmal, nesta preparação para a Páscoa, comprometidos com os exercícios espirituais, somos chamados à conversão”, explicou.
A Catequese trabalha todos os anos, junto com a Igreja, os temas da Campanha da Fraternidade. Neste ano em que o tema é Fraternidade e Educação, é importante destacar a missão dos catequistas no caminho da fé.
“Eis o primeiro gesto concreto da Campanha da Fraternidade: um coração convertido que rompe com a indiferença e transborda em cuidado. Um coração educador, pois, educar também é aprender.
Educar é um ato de amor e de esperança no ser humano. Assim, com Cristo vencemos o pecado e, com amor, nos comprometendo a viver entre as coisas que passam, abraçando aquelas que não passam. São tantos os frutos esperados! Resta saber: qual semente vou lançar? De esperança ou de pessimismo?
Que a Campanha da Fraternidade seja um grande oásis de reflexão neste contexto de tantas polarizações. Que cada pessoa que viver a campanha saiba falar com sabedoria e ensinar com amor, consciente de que a educação é um processo que nunca tem fim. E que é preciso pensa-la de forma integral e sempre a serviço da vida e dignidade da pessoa humana”, ressaltou.
Como falar com crianças e jovens sobre fé?
Falar sobre fé e espiritualidade exige um cuidado, e conseguir envolver crianças e jovens pode parecer uma missão difícil.
Surge então a dúvida: Como fazer com que crianças e jovens escutem com o coração?
“Falar com sabedoria e ensinar com amor! O testemunho de vida, nossas opções cotidianas são também um modo de comunicar os valores que nos orientam. E como não há “botão”, é preciso lembrar que o amor é processo, é paciente e prestativo.
Para falar aos jovens e crianças sobre a arte de escutar o coração, é preciso escutá-los por primeiro. A escuta é um significativo gesto de amor, quando vivida de modo atento. Neste processo, é preciso favorecer espaços para que os vínculos humanos primários sejam estabelecidos, fortalecidos.
A fraternidade é dadiva! O encontro com o outro uma experiência rica e oportunidade única de aprendizado. O convívio fraterno, nos leva a agir como o Bom Samaritano: ver, compadecer, cuidar e educar pelos gestos.
Aqui, educar para a caridade é muito mais que um convite. É a consequência do encontro pessoal com Cristo que rompe com toda e qualquer indiferença. Educar é servir! O grande serviço da educação é coloca-la à disposição da construção de um mundo melhor, de uma pessoa melhor”, finalizou.