Ecologia
Dom Pedro Carlos Cipollini,
Bispo da Diocese de Santo André
O verde das florestas, a natureza no seu encanto nos agrada. O planeta Terra que deveria se chamar água, esta pérola azul sustentada no vazio do espaço sideral é nossa casa comum. Deus criou o mundo e ficou contente, viu que tudo era bom, diz a Bíblia (Gn 1,31).
Sabemos que a Bíblia não é livro de ciência, não tem a pretensão de explicar o universo do ponto de vista científico. Sua mensagem é muito maior, responde-nos sobre o que havia antes da criação do mundo, mundo como a ciência o entende e descreve. A ciência com seu poder fenomenal de investigar, desvendar e iluminar, só discursa a partir da matéria, assim mesmo jogando com hipóteses que não se podem provar. A ciência, no entanto, avança e devemos dar-lhe crédito.
Contudo, o que havia antes da matéria, da criação? Havia um Amor infinito – Deus é amor (1Jo 4,16). Esse amor é fonte da vida, é o Deus criador do qual fala a Bíblia. Crer nele significa aceitar que o mundo e o ser humano não estão sem explicação e sentido, que têm valor e segurança a partir de sua causa primeira: Deus.
Assim, só a fé em Deus criador pode nos levar, como cristãos, a propor uma reflexão que toca na questão da ecologia e a preservação da natureza. A Terra está dando seus sinais de que a destruição do ecossistema avança rápido. O grito da Terra está presente por toda parte pedindo que a protejamos, do contrário, é bem capaz que ela nos acabe eliminando. “Os jovens exigem de nós uma mudança: interrogam-se como se pretende construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos” (Papa Francisco in LS 13).
Deus colocou o ser humano na Terra para ser o “jardineiro”, o “zelador” deste “jardim” maravilhoso. No entanto, levado por ambição desmedida, ele, o ser humano, a destrói. A Amazônia serve de exemplo para constatar que o egoísmo na administração dos bens da natureza é altamente destrutivo. Não se vê a Terra como patrimônio de todos, mas “meu”, o pedaço que comprei é meu e faço dele o que quero. Este é o caminho mais curto para que não seja de ninguém, pois, se tornará inabitável.
Esta questão atinge o modelo de desenvolvimento e o estilo de vida de todos. O ideal da modernidade, ainda persistente, que é o progresso sem fim e a qualquer custo, se esgotou.
Somos convidados a caminhar por outro caminho: o da preservação da vida. Cuidado e carinho para com a natureza, a fim de que, o futuro da humanidade seja feliz! A vida sobre a Terra é um dom, e nossa missão é preservá-la não somente para sobreviver, mas porque isso é ato de louvor e veneração a Deus criador.