Conhecendo, celebrando e vivendo a Palavra de Deus
Querido irmão e irmã, no decorrer do mês de setembro, a Igreja Católica particular do Brasil e da Diocese de São Carlos Borromeu em São Paulo conheceu, celebrou e vivenciou ainda mais a Sagrada Escritura com muita fé, esperança e caridade. Na certeza de que, “lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” Sl 112,105. A palavra de Deus foi transmitida a séculos atrás, dos pais aos filhos, de geração em geração, e está viva e eficaz nos textos sagrados e em nossos corações.
A Bíblia retomou seu lugar no coração da Igreja, sobretudo, a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, como fonte e alma da vida cristã. Onde tomamos sabor pelas coisas santas de Deus e pela relação amorosa entre Bíblia e Vida, isto é, o povo católico percebe com mais frequência a Bíblia dentro de sua vida e passa a encontrar sua vida dentro da Bíblia. Portanto, A Sagrada Escritura é fonte inesgotável, e sem fim é também nossa sede.
Deus se revela pela palavra, onde: “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”; é a amorosa comunicação que mediante o Verbo encarnado (Jesus Cristo), Deus faz uma comunicação de si mesmo e de seu mistério ao homem no seio de uma comunidade eclesial para fazer-nos partícipes de sua salvação. Faz-se necessário uma experiência para se comunicar. Quanto mais se tem experiência de vida mais se pode comunicar o que viveu. A palavra nasce da experiência interior. Sendo assim, é essencial criar o quanto antes intimidade com os Escritos Sagrados.
Consciente ou inconscientemente a palavra nasce da experiência, porque toda abstração conceitual parte originalmente dos sentidos em contato com os dados materiais e com a natureza espiritual por meio dos sentidos internos. A Bíblia é palavra escrita, palavra do passado que se mantém viva e se vivifica constantemente pela experiência pessoal do leitor no tempo presente. Portanto, é um eterno fazer memória.
Segundo, a Dei Verbum: Deus fala nas escrituras por meio de homens em linguagem humana. Somente a palavra humana pode dar corpo e forma a palavra divina. A mediação é um requisito absolutamente necessário para que a palavra de Deus chegue aos ouvidos humanos e o influencie em sua vida com a eficácia da salvação.
Deus tem se revelado ao homem para fazer dele um eleito de sua amizade e de seu amor. Sendo uma revelação salvífica que compromete o presente e o futuro definitivo do homem. Na Bíblia o Espírito Santo se reveste de símbolos e metáforas variadas para designar sua força de verdade, sua presença multiforme imutável e dinâmica. O Espírito do qual falamos metaforicamente nos fala as Escrituras é um vivente divino que pairava sobre o abismo no início da criação. “e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” Gn 1,2. É uma força vivificante, um sopro divino, é uma língua de fogo, é uma voz sussurrante. “soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” Gn 2,7.
Os escritores sagrados plasmam no texto Bíblico a palavra de Deus, a revelação dos mistérios divinos e o fazem movidos por uma força sobrenatural que é a capacitação dada pelo Espírito de sabedoria. Assim se pode falar que Deus é o autor por mais que trate de obras humanas. É o resultado misterioso da ação carismática de Deus nos hagiógrafos enquanto membro de uma comunidade crente seja judaica, seja cristã, os quais usando todas as faculdades e talentos e agindo Deus neles e por eles põem por escrito tudo e só o que Deus quer em ordem a salvação da humanidade. “Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” 1Jo 1,2-3.
Segundo os Concílios Tridentino e Vaticano I, este pretende propor a genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão, para que, ouvindo o anúncio da salvação, o mundo inteiro creia, crendo espere, esperando ame. É necessário que todos os clérigos, sacerdotes de Cristo, diáconos e os catequistas, bem como, todos os leigos são encarregados do ministério da palavra, mantenham contato intimo com as Escrituras, mediante leitura assídua e estudo aturado. Como dizia São Jerônimo, “Desconhecimento das Escrituras é desconhecimento de Cristo”.
Portanto, a oração deve acompanhar a leitura da Sagrada Escritura, para que haja colóquio entre Deus e o homem; pois com ele falamos quando rezamos e a ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos. Com a leitura dos Livros Sagrados, “difunda-se a palavra de Deus e seja acolhida com honra” 2Ts 3,1, e cada vez mais encha os corações dos homens o tesouro da Revelação, confiança à Igreja.
Espero, então, querido irmão e irmã, membro ativo de uma pastoral ou movimento que você procure mergulhar ainda mais na Palavra de Deus, pois conhecendo o que celebramos, celebraremos melhor o que conhecemos. Deus abençoe você, sua família e amigos por intercessão da Virgem Maria e de São Jerônimo.