Em prefácio de livro, Papa diz que suas entrevistas têm valor pastoral
Por Sidney Prado – Assessoria de Comunicação da Diocese de São Carlos
Com informações da Rádio Vaticano / Foto: Reprodução CTV 2000
“As entrevistas, para mim, têm sempre um valor pastoral”, “se não tivesse esta confiança, não concederia entrevistas”. É o que enfatiza o Papa Francisco no prefácio do livro “Adesso Fate le vostre domande” (“Agora façam as vossas perguntas”), do padre Antônio Spadaro. A obra foi apresentada no final da tarde do último sábado na sede da revista jesuíta “Civiltà Cattolica”.
Francisco recorda que, quando era arcebispo em Buenos Aires, “tinha um pouco de medo dos jornalistas” e por esta razão não concedia entrevistas. Como Pontífice, porém, convenceu-se de que as entrevistas são “uma maneira de comunicação” de seu ministério. Ele une estas conversações nas entrevistas com a forma cotidiana das homilias na Santa Marta, que é – digamos assim – sua “paróquia”.
O Santo Padre sublinha que nas entrevistas, assim como nas coletivas com os jornalistas no avião, lhe agrada olhar as pessoas nos olhos e responder às perguntas com sinceridade.
“Sei que isto pode me tornar vulnerável, mas – acrescenta – é um risco que quero correr”.
“Para mim – prossegue – as entrevistas são um diálogo, não uma lição”, eis porque “não me preparo”.
O livro do padre Spadaro traz também duas conversas com os Superiores Gerais. “Conversar – escreve o Papa – sempre me pareceu o melhor modo para encontrar-nos realmente”. Existem também conversas com os jesuítas, nas quais o Papa diz que se sente em família e fala a linguagem de família, sem temer incompreensões.
O Papa conclui o prefácio do livro reiterando o desejo de uma “Igreja que saiba inserir-se nas conversas dos homens, que saiba dialogar”. “É a Igreja de Emaús – observa Francisco – em que o Senhor entrevista os discípulos que caminham desencorajados. Para mim, a entrevista é parte desta conversação da Igreja com os homens de hoje”.
Palavra do autor
Sobre o significado das entrevistas para o Papa Francisco, a Rádio Vaticano entrevistou o padre Spadaro, responsável pela obra.”Papa Francisco ama as entrevistas porque assim escuta as perguntas das pessoas. Às vezes, os jornalistas fazem o papel de mediadores das perguntas que são importantes para as pessoas, mesmo as pessoas comuns. Por isto o Papa aceitou conceder entrevistas e responder aos jornalistas, porque assim pode falar diretamente às pessoas”.
O sacerdote destaca que o Papa, sobretudo, escuta as perguntas e gosta de recebê-las não tanto para dar uma resposta precisa, mas para escutar o que as pessoas têm a dizer. “E depois, a sua resposta, é muito atenta à própria pergunta, isto é, o Papa não responde àquelas dúvidas falsas ou àquelas perguntas que na realidade não comunicam uma inquietação; responde à inquietação, aquela verdadeira”.
Padre Spadaro já entrevistou o Papa Francisco e pôde testemunhar algumas de suas conversações. Para ele, o mais tocante são a tempestividade e a capacidade de escuta. “Ou seja, a capacidade de receber as perguntas e o fato que ele não está interessado em fazer grandes discursos e tanto menos de escutá-los, mas sim abrir um diálogo que seja expressão de um encontro verdadeiro”.