Brasil precisa que seus padres sejam sinal de esperança, diz Papa
Por Sidney Prado – Assessoria de Comunicação da Diocese de São Carlos
Com informações e fotos da Rádio Vaticano
A comunidade do Pontifício Colégio Pio Brasileiro de Roma foi recebida neste sábado, 21, pelo Papa Francisco em audiência na Sala do Consistório, por ocasião dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba.
O Pontífice agradeceu as palavras do Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Sérgio da Rocha, em nome de toda a comunidade do Colégio Pio Brasileiro, das religiosas e funcionários que ali trabalham para fazer dessa estrutura “um pedacinho do Brasil em Roma”.
“Como é importante sentir-se num ambiente acolhedor, quando estamos longe e com saudades da nossa terra! Isso ajuda a superar as dificuldades para adaptar-se a uma realidade onde a atividade pastoral não é mais o centro do dia a dia. Vocês já não são mais párocos ou vigários, mas padres estudantes. E, essa nova condição pode trazer o perigo de gerar um desequilíbrio entre os quatro pilares que sustentam a vida de um presbítero: a dimensão espiritual, a dimensão acadêmica, a dimensão humana e a dimensão pastoral”, declarou o Santo Padre.
Francisco pediu para que os sacerdotes estudantes não se deixem afetar pelo “academicismo” e a tentação de fazer dos estudos um mero meio de engrandecimento pessoal. “Por favor, não se esqueçam que antes de serem mestres e doutores, vocês são e devem permanecer padres, pastores do povo de Deus!”, disse o Pontífice, citando São Paulo à Timóteo: “Guarda o depósito que lhe foi confiado. Evita as conversas frívolas de coisas vãs e as contradições da falsa ciência. Alguns por segui-las, se transviaram da fé” (1Tm 6, 20-21).
Durante a audiência, Francisco reforçou ainda o conceito de fraternidade sacerdotal. Na verdade, a nova Ratio Fundamentalis para a formação sacerdotal, ao tratar do tema da formação permanente, afirma que “o primeiro âmbito em que se desenvolve a formação permanente é a fraternidade presbiteral” (n. 82). Essa é, portanto, como que o eixo da formação permanente. Isso se fundamenta no fato de que, pela Ordenação sacerdotal, participamos do único sacerdócio de Cristo e formamos uma verdadeira família. A graça do sacramento assume e eleva as nossas relações humanas, psicológicas e afetivas e “se revela e concretiza nas mais variadas formas de ajuda recíproca, não só espirituais mas também materiais” (João Paulo II, Pastores dabo vobis, 74).
Francisco atentou ainda sobre a realidade social e política brasileira e o quanto estas dificuldades podem influenciar os fiéis. “Queridos sacerdotes, o povo de Deus gosta e precisa ver que seus padres se amam e vivem como irmãos, ainda mais pensando no Brasil e nos desafios tanto de âmbito religioso quanto social que lhes esperam ao retorno. De fato, neste momento difícil da sua história, em que tantas pessoas parecem ter perdido a esperança num futuro melhor diante dos enormes problemas sociais e da escandalosa corrupção, o Brasil precisa que os seus padres sejam um sinal de esperança. Os brasileiros precisam ver um clero unido, fraterno e solidário, em que os sacerdotes enfrentam juntos os obstáculos, sem deixar-se levar pela tentação do protagonismo ou do carreirismo. Tenho a certeza de que o Brasil vai superar a sua crise, e confio que vocês serão protagonistas desta superação”.
O Santo Padre não se esqueceu da importância de Nossa Senhora e o quanto ela pode auxiliar os fiéis brasileiros em momentos de dificuldade, como o atual. “Para isso, contem sempre com uma ajuda particular: a ajuda de Nossa Mãe do Céu, a quem vocês brasileiros chamam de Nossa Senhora Aparecida. Vem a minha mente as palavras daquele canto com o qual vocês a saúdam: ‘Virgem santa, Virgem bela; Mãe amável, mãe querida; Amparai-nos, socorrei-nos; Ó Senhora Aparecida’. Que essas palavras se confirmem na vida de cada um de vocês. Possa a Virgem Maria, amparando e socorrendo, ajudá-los a viver a fraternidade presbiteral, fazendo com que o período de estudos em Roma tenha muitos frutos, para além do título acadêmico.”
E finalizou da seguinte maneira: “Que Ela, Rainha do Colégio Pio Brasileiro, ajude a fazer desta comunidade uma escola de fraternidade, transformando cada um de vocês em um fermento de unidade para as suas Dioceses, pois a “diocesanidade” do sacerdote secular se alimenta diretamente da experiência da fraternidade entre os presbíteros. E, para confirmar esses votos, concedo de coração à direção, alunos, religiosas e aos funcionários juntamente com suas famílias, a Bênção Apostólica, pedindo também que, por favor, não deixem de rezar por mim. Obrigado.”