Cristãos devem ajudar quem sofre a restituir sua dignidade, diz Papa
Por Sidney prado – Assessoria de Comunicação da Diocese de São Carlos
Com informações da Rádio Vaticano
Na Missa matutina, na Casa Santa Marta, desta terça-feira, 19, o Papa Francisco pediu ao Senhor que conceda aos fiéis a “graça” de sentir compaixão “diante de tanta gente que sofre”, de se aproximar e levar essas pessoas “pela mão” até a “dignidade que Deus deu para elas”.
Inspirando-se no Evangelho do dia (cf. Lc 7,11-17), dedicado à narração da ressurreição do filho da viúva de Naim por obra de Jesus, o Pontífice explicou que no Antigo Testamento os “mais pobres dos escravos” eram justamente as viúvas, os órfãos, os estrangeiros e os forasteiros. E o convite é para cuidar deles, de modo que se insiram “na sociedade”.
Segundo o Papa, Jesus tem a capacidade de “olhar o detalhe”, porque “olha com o coração”; Ele tem compaixão:
“A compaixão é um sentimento envolvente, é um sentimento do coração, das vísceras, envolve tudo. Não é o mesmo que a “pena” ou … “que dó, pobre gente!”: não, não é a mesma coisa. A compaixão envolve. É “padecer com”. Isso é a compaixão. O Senhor se envolve com uma viúva e com um órfão…. Mas diga, há uma multidão aqui, por que não fala para a multidão? Deixe … a vida é assim … são tragédias que acontecem, acontecem…. Não. Para Ele, era mais importante aquela viúva e aquele órfão morto do que a multidão para a qual Ele estava falando e que o seguia. Por que? Porque o seu coração, as suas vísceras se envolveram. O Senhor, com a sua compaixão, se envolveu neste caso. Teve compaixão”.
Francisco observou que a compaixão impulsiona a aproximar-se do outro, pois podem-se ver muitas coisas, mas não se aproximar delas:
“Aproximar-se e tocar a realidade. Não olhá-la de longe. Teve compaixão – primeira palavra – se aproximou – segunda palavra. Depois fez o milagre e Jesus não disse: ‘Até logo, eu continuo o caminho’: não. Pegou o rapaz e o que fez? ‘O devolveu para sua mãe’: devolver, a terceira palavra. Jesus faz milagres para restituir, para colocar as pessoas no próprio lugar. E foi o que fez com a redenção. Teve compaixão – Deus teve compaixão – se aproximou de nós no seu Filho, e restituiu a todos nós a dignidade de filhos de Deus. Ele recriou todos nós”.
Nesse sentido, o Papa explica que a exortação aos fiéis é fazer o mesmo, seguir o exemplo de Cristo, aproximar-se dos necessitados, não ajudá-los de longe.
“Muitas vezes vemos os jornais ou a primeira página dos jornais, as tragédias… mas olhe, as crianças naquele país não têm o que comer; naquele país, as crianças são soldados; naquele país as mulheres são escravizadas; naquele país … oh, que calamidade! Pobre gente … Viro a página e passo ao romance, para a telenovela que vem depois. E isso não é cristão. E a pergunta que eu faria agora, olhando para todos, também para mim: “Eu sou capaz de ter compaixão? De rezar? Quando eu vejo essas coisas, que me trazem a casa, através da mídia … as vísceras se movem? O coração sofre com essas pessoas, ou sinto pena, digo “pobre gente”, e assim … “. E se você não pode ter compaixão, peça a graça: ‘Senhor, dá-me a graça da compaixão’”!
Francisco destacou que os cristãos, com a oração de intercessão e o seu trabalho, devem ser capazes de ajudar as pessoas que sofrem, para que retornem à sociedade, à vida familiar, à vida cotidiana.